domingo, 20 de março de 2011

Ensaio sobre a vida: II

Afetividade

Mudança na compreensão das palavras como sentimentos

Meses depois de ter publicado meu ultimo sinal de vida nesse pedaço virtual esquecido nas terras da internet, me deparei com um termo novo no meu dia-a-dia acadêmico, “Afetividade” e junto com isso relembrei que o intuito deste blog, era justamente discutir e dar vida aquilo que eu iria gradualmente aprendendo na minha formação. Então eu resolvi mais uma vez, pegar um termo e mudar ele de parâmetro, uma discussão breve de como vivenciamos e não vivemos afetividade.

Como muitas palavras que usamos nos devaneios da vida ela esta ali, mas poucos sabem explicar o que realmente significa. Fazem parte da realidade mundana atual, palavras antigas que tem seu significado corroído e fragilizado nas frases expelidas pela boca de alguém que nem sabe sua historia. Da mesma forma que alguém que diz que ama, mas fere. Obvio, mas então como alguém pode sentir algo que nem ao menos sabe o que significa.

Afeição é ter apego a alguém ou alguma coisa que te faça sentir completo, que te passe confiança e intimidade. O Afeto é a soma de dois amores. São tão estrondosas as variáveis que podem interferir no afeto entre as pessoas atualmente, que elas esquecem que o verdadeiro propósito dela é gerar conforto e felicidade, mesmo que seja simples como um olhar.

Não digo apenas pelo afeto entre as pessoas, mas por tudo que foi criado para permanecer simples e puro, porém foi repudiado e transviado em outros valores mais superficiais, tudo com base em falso moralismo e imagem. Somos criaturas afugentadas por opiniões externas mais fortes que nossa própria vontade, que somos convencidos que nossa vontade nem ao mesmo existe.

Graças a essas crenças do novo mundo, que palavras bonitas como “afeto” e “amor”, vêm perdendo força não só nas páginas, mas em nossos próprios corações, da forma como nós compreendemos tais sentimentos. Em seu lugar surgem termos técnicos para competitividade, mil formas de competir entre o próximo, menos formas ainda de dizer que você o ama, se preocupa e zela. Vivendo neste cenário, como convencer as pessoas que você realmente ama, de que você tem conhecimento e totalidade em tudo àquilo que sente e diz.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Humanismo

"Se eu deixar de interferir nas pessoas,
Elas se encarregarão de si mesmas,
Se eu deixar de comandar as pessoas,
elas se comportam por si mesmas,
Se eu deixar de pregar às pessoas,
elas se aperfeiçoam por si mesmas,
Se eu deixar de me impor às pessoas,
elas se tornam elas mesmas."
(Freedman, 1972, in Fadiman e Frager, 1986:225)

Aos meu poucos leitores que acompanham meu blog, estou em época de provas e então não estou escrevendo, mas deixo aqui dois pensamentos, um de minha autoria. E vamo que vamo, abraços =)

"Triste é pensar como as pessoas resumem suas vidas em tão poucos capítulos, sendo a vida um volume único."
Lucas Gobato dos Santos

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Moralidade

A Forca mental


“Existe melhor catalisador de reflexão do que a chuva?” – Pensou João, com a cabeça apoiada sobre o vidro do ônibus, fitando cenas do cotidiano com seus olhos escandalosamente abertos, típicos de uma pessoa que não está mentalmente presente. Em uma sexta-feira tumultuada pelo fim do expediente, era usual pessoas se apertando entre os corredores e minúsculos espaços.

Grande parte da viagem ele passou revendo estratégias financeiras de como honrar suas dividas mensais e ainda colaborar com sua mãe, que idosa, precisava de cuidados especiais cujo infelizmente, não poderia bancar sozinha. Só era trazido de volta aos confins da realidade mesmo quando a música cessava em seus ouvidos durante as trocas de faixa de seu aparelho mp3. Em um desses repentinos e inconvenientes momentos, trocou olhares com uma senhora de idade que de pé, sinalizava o ônibus para a próxima parada. Indignado consigo mesmo, se julgava culpado por não ter a avistado antes e oferecido seu lugar para a pobre senhora que agora era esmagada pelas mochilas dos estudantes enquanto tentava cruzar o corredor até a porta. Porém, nada mais poderia ser feito pela mulher, pensou usando da pouca realidade que seu corpo cansado lhe permitia.

Ruas depois, a porta traseira se abriu e um senhor de cabelos brancos escalou as escadas molhadas com o auxilio de algumas pessoas, prontamente João levantou-se e ofereceu seu assento, que foi bem vindo pelo presenteado. Com seu ponto de descida próximo e agora moralmente reestabelecido, guardou sua aparelhagem devidamente na bolsa e levantou-se, surpreso, novamente trocou olhares inconvenientes com a mesma velha senhorinha, que ao seu lado conversava com um rapaz, também jovem expelindo palavras de indignação.

Subitamente aquela sexta-feira chuvosa se tornou um palco sem cores para João, que sentia olhares perfurando sua pele de todas as direções, envergonhado e confuso buscava no ar razões, depois de um tempo arquitetou o acontecimento e lamentou, a senhora indicou o sinal para descer como um favor para outra pessoa, e ao ceder o lugar para o idoso, fez com que todos pensassem que ele requisitou o lugar pra si mesmo. Que trágico, concluiu.

Analisou que nem toda a gratidão e satisfação das gentilezas que fez durante sua vida não tirava o peso da faca chamada moralidade de seu peito, estático não entendia a razão de um obrigado ser tão superficial quando comparado com uma grosseria, mesmo que não intencional. Exposto e vulnerável se sentia péssimo naquele dia que agora mais do que nunca parecia um quadro esboçado em escala de cinza, “Nem a chance de provar o contrario, eu terei” magoado pobre João balbuciava, mas conformado desceu do ônibus sabendo que o ser humano tinha sua atenção voltada apenas para as más intenções que o cerca, esperando para julgar um outro a qualquer abertura, com pedras se fosse preciso, como nos velhos filmes da idade média. Finalizou abrindo seu portão, somando outra experiência de vida, seus defeitos sempre serão mais aparentes do que suas qualidades, questionou: “Será essa a execução publica do século vinte um?”.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ensaio sobre a vida: I

Auto Exploração.

Com sentido ou não, todos somos donos de uma vida, damos a ela o rumo que nos melhor agrada, atendendo a suas possibilidades, obviamente. Entretanto, até os mais velhos de nós, ainda vivos, são novos perante a historia de nossa espécie, digo isso, pois até que ponto nos perguntamos os motivos de nossas atividades em sociedade, até que ponto você conhece seus desejos. Já era de se imaginar que você saberia que muito do que você se habituou a fazer hoje em dia, não foi escolhido diretamente por você. Deixe me desenvolver a ideia.

O sentido da vida que conhecemos hoje em dia, por assim dizer, foi implantado no seu ambiente por alguém no passado, que é alheio a sua vida hoje no presente. Quando digo sentido da vida, ignore a ideia mística de criação, creio que o sentido da vida para todas as culturas seja a felicidade, a busca por prazer, que é uma característica inata de todos os seres-vivos. Diferentemente dos animais, criamos várias fontes que nos provem felicidade, somos seres subjetivos e diferentes. Sendo proles de tanta diversidade e indivíduos únicos, é digno dizer então que cada um de nós carrega consigo um significado diferente da vida, um sonho adormecido que às vezes esperamos anos para ser realizado e acaba nunca sendo despertado.

Atingimos um ponto na nossa evolução em conjunto em que somos obrigados a viver muito próximo de nossos semelhantes, e devido a alguns valores morais antiquados ficamos presos na vontade de outras pessoas que nos subjugam, reprimindo nossos desejos. Muitos de vocês podem se considerar totalmente felizes, financeiramente e amorosamente, o intuito aqui não é discordar de quem é feliz ou porque, é mostrar o outro lado da moeda, a contra cultura e combater a rotulação, massificação, afinal conhecimento nunca é o bastante.

O planeta Terra é vasto, parte dele já é muito desgastado, mas em gigantesca vastidão existem diversos de pequenos detalhes que valem a pena serem observados e aproveitados, pequenas coisas, pessoas, sorrisos, paisagens e estilos musicais, que são totalmente desconhecidos pela grande maioria de nós, convido todos a dar as costas para o obvio e pra tudo aquilo que lhe é oferecido e forçado a consumir, valorizar mais o próximo e menos a carteira, para pesquisar e conhecer novos limiares de vida, e quem sabe sejamos mais felizes do que somos hoje, amanha.